Paris - Rue du Bac - 1830 Nossa Senhora da Medalha Milagrosa

Paris - Rue du Bac - 1830
Nossa Senhora
da
Medalha Milagrosa


Nossa Senhora das Graças 



A vidente
Catarina Labouré nasceu em 2 de Maio de 1806 numa região do Leste da França, numa família numerosa de importantes agricultores. Órfã aos 9 anos, vai para casa de uma tia acompanhada da irmã mais nova. A mais velha, Maria Luísa, que já tinha entrado para as Irmãs da Caridade, regressa a casa por um tempo para ajudar a família.
Depois desta partir, Catarina, com 12 anos permanece com toda a responsabilidade da casa. Vai regularmente à missa e frequenta a 'Capela da Virgem' que a família Labouré mandou restaurar e fica perto da propriedade.
Com todo o trabalho que tem, arranja tempo para visitar os doentes, os pobres e começa, desde os 14 anos, a jejuar todas as sextas e sábados.
Nessa altura, teve um sonho onde se encontrava na 'Capela da Virgem' e o velho sacerdote que estava ali diz-lhe: 'Deus tem desígnios a seu respeito, não o esqueça'. Este sonho marca-a profundamente e, de certa forma, dirige todas as suas decisões daí em diante. Decide aprender a ler e a escrever pois sente que Deus será servido com isso.
Com a aprovação do pai, durante dois anos permanece num internato para jovens, perto de Chatîllon. É aqui que, na capela das Filhas da Caridade, descobre quem era o sacerdote que lhe apareceu no sonho: S. Vicente de Paulo.
Entra aos 21 anos para as Filhas da Caridade.

1ª Aparição - 18 de Julho de 1830

Na noite de 18 de Julho de 1830, véspera da festa de S. Vicente, Catarina é acordada por uma criança que lhe aparece rodeada de um halo de luz. A criança diz-lhe que Nossa Senhora está à sua espera. Segue-a em direcção à igreja aberta e iluminada por várias velas acesas. Ajoelha-se junto do altar onde está a Virgem Maria que lhe confia numerosas previsões de ordem política a religiosa.

2ª Aparição - 27 de Novembro de 1830 às 17.30

Em 27 de novembro de 1830, às 17:30 horas, durante a oração, Catarina vê no lugar do actual altar da Virgem do globo, como que dois quadros vivos, que passam em sequência.
No primeiro, a Virgem permanece de pé sobre um globo terrestre, tendo nas mãos um pequeno globo dourado. Os pés esmagam uma serpente. No segundo, saem-lhe das mãos abertas raios de um brilho resplandecente. Catarina ouve ao mesmo tempo uma voz que lhe diz:
Estes raios são o símbolo das graças que Maria alcança aos homens.
Depois, um oval em forma de medalha, desenha-se em torno da Virgem e Catarina vê inscrever-se, em meio-círculo, esta invocação, até então desconhecida:
Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós.
a letras de ouro. A medalha volta-se e no verso Catarina vê uma cruz que tem por cima a letra M (Maria) e, em baixo dois corações, um, coroado de espinhos, outro, trespassado por uma lança. Catarina ouve então estas palavras :
Fazei cunhar uma medalha segundo este modelo. As pessoas que a usarem com confiança, receberão grandes graças.

3ª Aparição - Dezembro de 1830

Durante a oração, Catarina sente de novo uma presença que vem de trás do altar. A Virgem parece decepcionada por não terem ainda cuidado em cunhar a medalha. Das mãos abertas da Virgem saem numerosos raios de luz:
Estes raios são o símbolo das graças que a Santíssima Virgem alcança para as pessoas que lhe pedem...
E é o final das aparições.

Catarina comunica ao seu confessor, Padre Aladel, o pedido da Santíssima Virgem. Finalmente, acolhe-a, embora desconfiado sempre diz-lhe para não pensar mais no assunto. O choque é muito forte.

A 30 de janeiro de 1831 termina ao noviciado e recebe o hábito. No dia seguinte, parte para o Asilo de Enghien, fundado pela família de Orléans, em Paris. Num bairro miserável, incógnita, servirá os pobres durante 46 anos.

Reconhecimento pela Igreja
O Padre Aladel fala da medalha ao superior dos Padres Lazaristas que lhe obtém uma audiência com o arcebispo de Paris, D. Quélan. Impressionado com os acontecimentos manda cunhar a medalha sem revelar esses mesmo acontecimentos em 1832.
Em 1834, a medalha é apelidada de 'milagrosa' porque realizam-se curas por seu intermédio e 'protectora'… porque protege. E é sob este aspecto de protecção que se espalha no mundo inteiro. Calcula-se que em 1839 já tinham sido feitos 10 milhões de exemplares.
A Rua du Bac torna-se um lugar de peregrinação.
A irmão Catarina Labouré morre em 31 de Dezmebro de 1876.
É canonizada em 27 de Julho de 1947 por Pio XII.

***
MENSAGEM DE MARIA SANTÍSSIMA EM PARIS, FRANÇA (1830)

"Minha filha, a cruz será tratada com desprezo, eles a derrubarão por terra e a calcarão aos pés".
— Maria Santíssima à Catarina Labouré, profetizando os trágicos acontecimentos que sobreviriam para a França e se desdobrariam para o mundo todo.
Uma das últimas coisas que se esperava em meio a fúria social sem precedentes da França revolucionária em 1830, era a repentina e estranha tendência a um retorno à Fé e à Igreja de Cristo.

A medalha milagrosa

Revolução francesa
Em meio a fúria social da França revolucionária, em 1830 ocorre uma repentina e estranha tendência a um retorno à Fé e à Igreja de Cristo

Esse retorno é mencionado na maioria dos livros da história, embora os historiadores evitem citar os motivos dessa nova eclosão de fé.
E a razão desse retorno à fé deu-se devido à circulação de uma medalha cunhada a partir de uma importante aparição de Maria Santíssima.
Em consequência das inumeráveis graças alcançadas tornou-se conhecida popularmente como “medalha milagrosa”. A essa devoção atribuiu-se milagres espantosos, conversões eloquentes, sobretudo, curas notáveis por ocasião da terrível epidemia de cólera, proveniente da Europa oriental, que atingira Paris entre março a julho de 1832.
Rapidamente e sem explicação, essa medalha passou a ser sinal de união entre os que a possuíam e a traziam consigo. Foi a medalha religiosa mais difundida de todos os tempos.

Com Seus pés virginais, a Mãe do Verbo esmaga a cabeça da infernal serpente

Nossa Senhora das Graças
Maria Santíssima com os braços estendidos, derramando graças, ao mesmo tempo esmaga, com Seus pés virginais, a cabeça da infernal serpente

Naquele momento tão conturbado e decisivo, que determinaria a história da França e, posteriormente de todo o mundo, a Medalha Milagrosa surgia como um sacramental repleto de riquíssimo simbolismo cristão.
Numa das faces da Medalha, vê-se Maria Santíssima com os braços estendidos, derramando Suas graças, simbolizadas por raios de luz sobre os fiéis. Ao mesmo tempo esmaga, com Seus pés virginais, a cabeça da infernal serpente. Em redor, emoldurando a Virgem, a oração "Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós".
Na face oposta, figuram a letra M encimada pela Cruz, e abaixo os Sagrados Corações de Jesus e de Maria. Circundando esse conjunto, doze estrelas que aludem claramente a célebre passagem do Apocalipse:
"Uma mulher vestida de sol, e a luz debaixo de seus pés, e uma coroa de doze estrelas sobre a sua cabeça" (Ap 12,1).
Convém refletirmos que, em plena apoteose anticlerical e exarcebado endeusamento da razão sobre a Fé, a Mãe do Verbo, em pessoa, vem revelar Sua identidade através de um pequeno objeto, uma medalha, destinada a todos sem distinção.
Desde os primeiros tempos da Igreja a identidade de Maria era objeto de controvérsia entre teólogos. Em 431, o Concílio de Éfeso tinha proclamado o primeiro dogma marial: Maria é mãe de Deus.
A partir de 1830, a invocação “Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós”, que sobe ao céu, milhares e milhares de vezes repetida por milhares e milhares de corações de cristãos do mundo inteiro, a pedido da própria Mãe de Deus, revela-se como claro e determinante desígnio do Céu em resposta ao voluntário afastamento do homem ocidental às suas milenares raízes cristãs.
A despeito de sua humanidade, mas sob o influxo do Espírito Santo, é fato histórico incontestável que o Ocidente vinha sendo cristianizado, até então, pelo esforço heróico e paciente da Igreja Católica.
A Santíssima Virgem prenuncia graves calamidades que sobreviriam sobre a França e a Igreja
Catarina Labouré
Catarina Labouré, humilde instrumento de Maria Santíssima na França

Detalhes dessa aparição de Maria Santíssima e o conteúdo da mensagem permaneceram ocultos. O pleno reconhecimento deu-se algum tempo depois da morte da vidente, uma noviça chamada Catarina Labouré, em 1876 — 46 anos depois de ocorrida a aparição.
As profecias de Maria Santíssima feitas à Catarina Labouré, grande parte delas referentes à França de então, cumpriram-se à risca.
Entre essas profecias, a de que “graves calamidades” sobreviriam sobre a França e a Igreja, além de que a cruz seria outra vez “calcada aos pés” concretizaram-se quarenta anos depois.

"Desde agora, sereis Vós a minha Mãe!"

Catarina Laboure
Pediu à Virgem que substituísse a mãe que acabava de perder: "Desde agora, sereis Vós a minha Mãe!"

Mas para compreendemos os desígnios de Deus com essa grande intervenção celestial na história, além do contexto histórico político e social, convém conhecermos a infância e a formação de sua principal protagonista, Catarina Labouré, a quem a Mãe do Verbo revelou essa devoção.
Nascida em 1806, em Fain-les-Moutiers, província francesa da Borgonha, Catarina era filha de Pierre Labouré, dono de uma pequena propriedade rural. Sua mãe, Madeleine Gontard, pertencia a uma família distinta, relacionada com a nobreza da região.
Ainda era criança quando perdeu sua mãe aos 9 anos de idade. Imersa em grande desolação, a pequena subiu a um móvel que havia na casa, abraçou uma imagem de Nossa Senhora que lá se encontrava e, chorando, pediu à Virgem que substituísse a mãe que acabava de perder: "Desde agora, sereis Vós a minha Mãe!".
Como veremos a seguir, essa inocente consagração da pequena órfã obteve de Deus a graça de ganhar a predileção da Santíssima Virgem —a Mãe do Céu.

"Minha filha, agora tu foges de mim, mas um dia me procurarás. Deus tem seus desígnios sobre ti, nunca te esqueças disso"

Casa de Catarina Labouré
Entrada da propriedade rural em que Santa Catarina Labouré nasceu

Maria Luísa, irmã mais velha de Catarina, ingressou na Congreção das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo em 1817. Desde então, apesar de menina, Catarina assumia as responsabilidades da casa juntamente com Maria Antonieta, sua irmã dois anos mais nova.
Aos 18 anos teve um misterioso sonho que dizia respeito à sua vocação. Sonhou que estava na igrejinha de Fain-les-Mountiers assistindo a uma missa que era celebrada por um sacerdote idoso, com um olhar que lhe causava forte impressão. Concluída a celebração, o sacerdote a chamou. Temerosa, hesitou em aproximar, mas sentiu-se fascinada pelo extraordinário brilho daquele olhar.
Ainda nesse mesmo sonho, reencontrou-se com o bondoso sacerdote que lhe disse: "Minha filha, agora tu foges de mim, mas um dia me procurarás. Deus tem seus desígnios sobre ti, nunca te esqueças disso".
Catarina somente foi entender esse incompreensível sonho quando, algum tempo depois, viu um quadro de São Vivente de Paulo na residência das Filhas da Caridade de Châtillon-sur-Seine, aonde fora estudar. Na figura daquele quadro a jovem reconhecia o misterioso personagem que se lhe apresentara em sonho.

Primeiras visões sobrenaturais

São Vicente de Paulo
Viu um quadro de São Vivente de Paulo na residência das Filhas da Caridade de Châtillon-sur-Seine, aonde fora estudar. A jovem reconheceu nele o misterioso personagem que se lhe apresentara em sonho

Aos 23 anos de idade Catarina ingressava na Congregação das Filhas da Caridade, em Châtillon-sur-Seine, depois de uma longa resistência de seu pai. Em abril de 1830 transferia-se como noviça para uma casa da Congregação, localizada na Rue du Bac, em Paris.
Naqueles dias de sua chegada, um magnifício relicário de prata peregrinava com o corpo prodigiosamente conservado de S. Vicente de Paulo, que falecera 170 anos antes. Catarina estava presente na cerimônica realizada com a participação do Arcepbispo de Paris, Mons. de Quélen, de oito Bispos e do próprio Rei Carolos X.
Foi então que poucos dias depois, Catarina teve suas primeiras visões sobrenaturais.
Ela mesma narra:
"O coração de São Vicente me apareceu três vezes de modo diferente, três dias seguidos: claro, cor de carne, o que anunciava paz, calma, inocência e união. Depois o vi vermelho cor de fogo, o que devia inflamar a caridade nos corações. Parecia-me que toda a comunidade devia se renovar e se estender até os confins do mundo. Por fim o vi vermelho-negro; o que me punha a tristeza no coração; vinham-me tristezas que eu tinha dificuldade em superar. Não sabia porque nem como, essa tristeza se relacionava com a mudança de governo".
Essa visão de Catarina que conclui com uma tristeza relacionada com a mudança de governo é extremamente interessante no contexto do nosso estudo, conforme veremos.

Estava claro para Catarina que a visão sobrenatural aludindo à queda do rei correspondia a uma vitória das forças do mal na conturbada França

Abade Aladel
Abade Aladel, diretor espiritual de Catarina
Ao revelar essas visões ao seu diretor espiritual, o cauteloso Pe. João Maria Aladel, recebeu dele o desencorajador conselho: "Não escuteis essas tentações. Uma Filha da Caridade foi feita para servir aos pobres, não para sonhar".
Mais tarde, Catarina revelaria que durante o tempo de seu noviciado, ela tinha o privilégio de ver Nosso Senhor no Santíssimo Sacramento. Mas seu confessor a desestimulava sobre esses relatos, mantendo rígida postura sobre o que ele interpretava como suposta "ilusão". O que resultou em grande provação para a religiosa.
Catarina conta que numa dessas visões, "Nosso Senhor me apareceu como um Rei, com a cruz sobre o peito, no Santíssimo Sacramento. Foi durante a Santa Missa, no momento do Evangelho. Pareceu-me que a Cruz escorregava para os pés de Nosso Senhor. Pareceu-me que Nosso Senhor era depojado de todos os seus ornamentos. Tudo caiu por terra. Foi então que tive os mais negros e tristes pensamentos de que o Rei da Terra seria perdido [destronado] e despojado de suas vestes reais".
Essa visão ocorreu no dia da Santíssima Trindade, a 6 de junho de 1830, sete semanas antes de se inciarem as agitações que culminaram na deposição do Rei Carlos X. Estava claro para Catarina que a queda do rei correspondia a uma vitória das forças do mal na conturbada França de então. Seu confessor, mais uma vez, não deu importância ao aviso. Afinal, o trono de Carlos X parecia mais do que nunca consolidado. A Monarquia francesa acabara de conquistar a cidade de Argel, no Norte da África.

"Vejo um menino vestido de branco, de mais ou menos quatro a cinco anos, e ele me diz: Levantai-vos logo e vinde à Capela: a Santíssima Virgem vos espera!"

Aparição da Santíssima Virgem
O menino me conduziu ao presbitério, ao lado da cadeira de braços do Sr. Diretor. Ali me pus de joelhos, e o menino permaneceu de pé todo o tempo (...) Por fim, chegou a hora, o menino me advertiu: Eis a Santíssima Virgem"

A primeira vez que Catarina vê Maria Santíssima foi na noite de 18 para 19 de julho de 1830, festa de S. Vicente de Paulo. A comovente descrição dessa visão é relatada por ela com grande beleza e simplicidade:
"Haviam-nos distribuído um pedaço do roquete de linho de São Vicente. Eu cortei a metade e a engoli, e adormeci com o pensamento de que São Vicente me obteria a graça de ver a Santíssima Virgem.
"Afinal, às onze e meia da noite, ouvi me chamarem pelo nome: Irmã Labouré! Irmã Labouré! Acordando, olhei para o lado de onde vinha a voz, que era o lado da passagem. Corro a cortina e vejo um menino vestido de branco, de mais ou menos quatro a cinco anos, e ele me diz: Levantai-vos logo e vinde à Capela: a Santíssima Virgem vos espera! (...)
"Vesti-me depressa e me dirigi para o lado do menino, que tinha ficado de pé, sem avançar além da cabeceira de minha cama. Ele me seguiu, ou melhor, eu o segui, com ele sempre à minha esquerda, levando claridade pelos lugares onde passava. Por todos os lugares onde passávamos, as luzes estavam acesas, o que me espantava muito. Porém, muito mais surpresa fiquei quando entrei na Capela: a porta se abriu mal o menino a tocara com a ponta do dedo. Mas minha surpresa foi ainda maior quando vi todas as velas e castiçais acesos, o que me fazia lembrar a missa de meia-noite.
"Entretanto, não via a Santíssima Virgem. O menino me conduziu ao presbitério, ao lado da cadeira de braços do Sr. Diretor. Ali me pus de joelhos, e o menino permaneceu de pé todo o tempo (...) Por fim, chegou a hora, o menino me advertiu: Eis a Santíssima Virgem".

"Então, olhando para a Santíssima Virgem, dei um salto para junto dEla, pus-me de joelhos sobre os degraus do altar, com as mãos apoiadas sobre os joelhos da Santíssima Virgem"

Nossa Senhora das Graças
"Ali se passou o mais doce momento de minha vida"

Catarina prossegue sua narração descrevendo o momento mais intenso de sua vida humilde de Filha de Caridade. Sob a orientação de seu anjo de guarda, que se apresenta na forma de um menino vestido de branco, a jovem religiosa se depara frente a frente com a Mãe de Jesus:
"Ouvi então um ruído, como um frufru de vestido de seda, que vinha do lado da tribuna, junto ao quadro de São José, e que pousava sobre os degraus do altar, do lado do Evangelho, sobre uma cadeira semelhante à de Sant'Ana...
"Então, olhando para a Santíssima Virgem, dei um salto para junto dEla, pus-me de joelhos sobre os degraus do altar, com as mãos apoiadas sobre os joelhos da Santíssima Virgem.
"Ali se passou o mais doce momento de minha vida. Não me seria possível dizer tudo o que senti. Ela me disse como eu devia me conduzir em relação ao meu diretor espiritual, e várias coisas que não devo dizer; a maneira de me conduzir em meus sofrimentos; vir lançar-me ao pé do altar (e me mostrava com a mão esquerda o pé do altar) e ali abrir o meu coração. Ali receberia todas as consolações de que tivesse necessidade. Então eu lhe perguntei o que significavam todas as coisas que eu tinha visto, e Ela me explicou tudo".
Esse maravilhoso encontro com o Céu durou prolongou-se por cerca de uma hora e meia.

"Dizei tudo com simplicidade e confiança, não temais"

Santa Catarina Labouré
Catarina nunca revelou a ninguém que era ela a mensageira que Maria Santíssima escolhera para revelar ao mundo a devoção da Medalha Milagrosa

Num manuscrito posterior, Catarina foi mais explícita e revelou algo mais do que ouviu da Santíssima Virgem sobre a missão que Deus lhe confiava e sobre as dificuldades que encontraria para cumpri-la. Recomendou ainda para que contasse tudo ao seu confessor, orientando-se como devia se portar com relação a ele: (1)
“Minha filha, o bom Deus quer encarregar-vos de uma missão. Tereis muito que sofrer, mas superareis esse sofrimentos pensando que o fareis para a glória de Deus. (...) Sereis contraditada. Mas tereis a graça, Não temais. Dizei tudo [a vosso confessor] com confiança e simplicidade. Tende confiança, não temais”.
Realmente, Catarina revelaria um heroísmo incomum. Desde 1831, quando fora transferida para a Rue du Bac, para o Asilo Enghien, no bairro parisiense de Reuilly, prosseguiria oculta e apagada em seus afazeres, cuidando dos pobres, como uma freira comum. Nunca revelou a ninguém, nem deu a entender que era ela a mensageira que Maria Santíssima escolhera para revelar ao mundo a devoção da Medalha Milagrosa.

"O trono será novamente derrubado"

Carlos X
Carlos X, rei de França (Versalhes, 9 de outubro de 1757 - Gorizia, 6 de novembro de 1836)

Confirmando a visão sobrenatural que Catarina tivera de Jesus que Se apresentava como Rei sendo destronado, a Mãe do Verbo profetizou:
“Os tempos serão maus. Os males virão precipitar-se sobre a França. O trono será derrubado. O mundo inteiro será transformado por males de toda a ordem. (A Santíssima Virgem tinha um ar muito triste ao dizer isso). Mas vinde ao pé deste altar. Aqui as graças serão derramadas sobre todas as pessoas, grandes e pequenas, que as pedirem com confiança e fervor”.
Essa revelação sobre a queda do trono da França, considerada a nação filha primogênita da Igreja, deixa claro que o fim da "cidade de Deus", no dizer de Agostinho abriria caminho para a "cidade do Homem", com sua cultura de morte, desencadeadora de eventos cruciantes nos anos que se seguiriam.
De fato, o espírito revolucionário dessa época exerceu grande influência na formação do que atualmente se denomina "civilização pós-cristã".

Solicitudes maternais com relação a comunidade religiosa de Catarina

Catarina Labouré
A Mãe do Verbo revelou Seus cuidados maternais, para com as duas comunidades fundadas por São Vicente de Paulo

Prevendo a gravidade desses tempos, a Mãe do Verbo revela Seus cuidados maternais, fazendo recomendações sobre a comunidade das Filhas da Caridade, a que pertencia Catarina, e dos Sacerdotes da Congregação da Missão (Lazaristas), também fundados por São Vicente de Paulo:
"Minha filha, eu gosto de derramar graças sobre a comunidade em particular. Eu gosto muito dela, felizmente. Sofro, porém, porque há grandes abusos em matéria de regularidade. As Regras não são observadas. Há grande relaxamento nas duas comunidades. Dizei-o àquele que está encarregado de vós, ainda que ele não seja o superior. Ele será encarregado de uma maneira particular da comunidade. Ele deve fazer tudo o que lhe for possível para repor a regra em vigor. Dizei-lhe, de minha parte, que vigie sobre as más leituras, as perdas de tempo e as visitas".
Tais solicitudes maternais de Maria Santíssima para com as congregações religiosas são comuns na história da Igreja ao longo desses dois milênios. (Cf.  MENSAGEM DE MARIA SANTÍSSIMA EM QUITO, EQUADOR, (1594) e também - MENSAGENS DE MARIA SANTÍSSIMA EM LAUS, FRANÇA (1664)).

"Este convento terá a proteção de Deus"

Nossa Senhora das Graças
Essa aparição de Maria Santíssima foi reconhecida pela Igreja Católica sob a invocação de Nossa Senhora das Graças

Prometendo Sua incessante proteção, a Virgem prosseguiu:
"Conhecereis minha visita de e a proteção de Deus, e a de São Vicente, sobre as duas comunidades. Tende confiança! Não percais a coragem. Eu estarei convosco. Mas não será assim com outras comunidades".
E realmente não foi.
Os acirrados ataques anticlericais motivados pelos falsos ideais da Revolução Francesa e do comunismo nascente culminariam em terríveis conflitos.
No entanto, no momento dessa mensagem, tudo parecia calmo e ninguém poderia imaginar o que se seguiria num futuro próximo.
O sopro anárquico e libertário novamente se difundiria pelo tempo e pela história, a partir de então, até a Revolução de maio de 1968 na Sorbonne, Paris.

"A cruz será tratada com desprezo, eles a derrubarão por terra e a calcarão aos pés"

Darboy
O arcebispo de Paris, dom Georges Darboy, (1813 - 1871), mais tarde tornou-se acirrado inimigo da mensagem de La Salette

Antevendo em 40 anos os terríveis acontecimentos que viriam com as agitações da Comuna e o assassinato do Arcebispo de Paris, Maria Santíssima promete Sua especial proteção aos filhos e às filhas de S. Vicente de Paulo.
Expressando infinita tristeza, a Mãe do Verbo profetiza claramente os horrores
"Haverá vítimas (ao dizer isto, a Santíssima Virgem tinha lágrimas nos olhos). Para o Clero de Paris, haverá vítimas: Monsenhor, o Arcebispo (a esta palavra, lágrimas de novo) morrerá.
"Minha filha, a Cruz será desprezada e derrubada por terra. O sangue correrá. Abrir-se-á de novo o lado de Nosso Senhor. As ruas estarão cheias de sangue. Monsenhor, o Arcebispo, será despojado de suas vestes (aqui a Santíssima Virgem não podia mais falar; o sofrimento estava estampado em seu rosto).
A Santíssima Virgem estava referindo-Se ao arcebispo dom Georges Darboy, que mais tarde se oporia à mensagem de La Salette e ao próprio papa.
Realmente o bispo Darboy caiu vítima da fúria maçônica da Comuna. A caminho do muro do muro de fuzilamento, ele protesta, alegando que sempre defendera a liberdade. Ao que um dos verdugos lhe responde: “Cala-te! A tua liberdade não é a nossa!” Tal foi o triste fim do arcebispo de Paris, naquele 24 de maio de 1871. (2) (Cf. http://www.avisosdoceu.com.br/La_Salette.php

"Minha filha, o mundo todo estará na tristeza"

Capela
A intervenção de Maria ocorrida na Rue du Bac está intrinsecamente ligada às outras intervenções mariais ocorridas no desenrolar desse período

Prometendo graças especiais à Sua escolhida, e recomendando-lhe sobre a necessidade da oração, com grande pesar, a Mãe do Verbo despede-Se deixando claro que uma grande desolação espiritual se abateria sobre o mundo a partir de então:
"Minha filha, me dizia Ela, o mundo todo estará na tristeza. A estas palavras, pensei quando isso se daria. E compreendi muito bem: quarenta anos".
Como veremos em nosso estudo, a aparição de Maria Santíssima à Catarina Labouré, ocorrida na Rue du Bac, estará intrinsecamente ligada às outras intervenções mariais ocorridas no desenrolar desse período que engrendraria o que hoje temos a desdita de conhecer sob a denominação de "civilização pós-cristã".

 

Maria Santíssima intervém e reaviva a Fé nos momentos críticos em que a civilização cristã se encontra ameaçada

Revolução Francesa
A Revolução Francesa já principiara muito antes, com uma lenta e gradual preparação dos espíritos. Se remontarmos às suas causas mais remotas e profundas, iremos até a decadência da Idade Média, quando uma explosão de orgulho e sensualidade produziu, numa primeira fase, a chamada Renascença, e mais adiante a Pseudo-Reforma de Lutero, o qual preparou o terreno para, em fins do século XVIII, eclodir a Revolução Francesa

Sobre o contexto histórico desse período, citamos Armando Alexandre dos Santos. "As sucessivas transformações políticas na França do século XIX foram determinadas, em última análise, por uma filosofia revolucionária profundamente anticatólica. Costuma-se situar a tomada da Bastilha, ocorrida em 14 de julho de 1789, o início da Revolução Francesa, que tanta e tão má inflência haveria de desempenhar até os nossos dias".
"Na realidade, prossegue o autor, a Revolução Francesa já principiara muito antes, com uma lenta e gradual preparação dos espíritos. Se remontarmos às suas causas mais remotas e profundas, iremos até a decadência da Idade Média, quando uma explosão de orgulho e sensualidade produziu, numa primeira fase, a chamada Renascença, e mais adiante a Pseudo-Reforma de Lutero, o qual preparou o terreno para, em fins do século XVIII, eclodir a Revolução Francesa. Se quisermos seguir o curso da História depois disso, chegaremos ao comunismo e, ultimamente, a novas formas ainda mais requintadas do mesmo espírito revolucionário: o hippismo, o neo-tribalismo ecologista, etc".
De fato, tudo isso é historia. E aqui chamamos atenção para o fato de que os embriões desse espírito revolucionário, determinantemente anticlerical e mesmo anticristão, foram gestados à sombra das sociedades secretas. E, a partir delas, sutilmente, tornou-se o estopim incitador das massas através de suas doutrinas, filosofias e hábeis propagandas de mobilização de opinião, que resultaram na alteração de valores e padrões comportamentais milenarmente consolidados sobre o cristianismo.Portanto, Maria Santíssima intervém e reaviva a Fé nos momentos críticos, em que a civilização cristã se encontra ameaçada e dissociada de seus reais valores, fragilizada pelas imposturas do governo oculto.
Graças especiais serão concedidas a todos que as pedirem, mas é preciso rezar
Nossa Senhora das Graças
Em 27 de novembro de 1830, Maria Santíssima apresenta-Se à Catarina flutuando envolta em gloriosa luz dourada

Em 27 de novembro de 1830, quatro meses depois da primeira aparição, mais uma vez Maria Santíssima, agora flutuando envolta em gloriosa luz dourada, apresenta-Se à Catarina.
A própria vidente relata:
“Vi a Santíssima Virgem à altura do quadro de São José. A Santíssima Virgem, de estatura média, estava de pé, vestida de branco, com um vestido de seda branco-aurora (...) com uma véu branco que Lhe cobria a cabeça e descia de cada lado até em baixo. Sob o véu, vi os cabelos lisos repartidos ao meio e por cima uma renda de mais ou menos três centímetros de altura, sem franzido, isto é, apoiada ligeiramente sobre os cabelos. O rosto bastante descoberto, bem descoberto mesmo, os pés apoiados sobre uma esfera, quer dizer, uma metade de esfera (...) tendo uma esfera de ouro, nas mãos, que representava o globo. Ela tinha as mãos elevadas à altura do cinto de uma maneira muito natural, os olhos elevados para o Céu (...) seu rosto era magnificamente belo. Eu não saberia descrevê-lo (...) E depois, de repente, percebi anéis nos dedos, revestidos de pedras, mais belas umas que as outras, umas maiores e outras menores, que despendiam raios mais belos uns que os outros. Partiam das pedras maiores os mais belos raios, sempre alargando para baixo, o que enchia toda a parte de baixo. Eu não via mais os seus pés (...) Nesse momento em que estava a contemplá-La, a Santíssima Virgem baixou os olhos, olhando-me. Uma voz se fez ouvir, e me disse estas palavras:
"—A esfera que vedes representa o mundo inteiro, particularmente a França (...) e cada pessoa em particular (...)
"Aqui eu não sei exprimir o que senti e o que vi: a beleza e o fulgor, os raios tão belos (...)
"É o símbolo das graças que derramo sobre as pessoas que pedem, fazendo-me compreender quanto era agradável rezar à Santíssima Virgem e quanto Ela era generosa para com as pessoas que rezam a Ela, quantas graças concedia às pessoas que rezam a Ela, que alegria Ela sente concedendo-as (...)"

"As graças serão abundantes para as pessoas que usarem a Medalha com confiança"

Medalha milagrosa
Apenas em 1895, foram concedidos à Medalha Milagrosa missa e ofício próprios dentro da liturgia católica romana

Nesse momento, em torno da Santíssima Virgem, forma-se o quadro vivo que seria cunhado na singela devoção da Medalha Milagrosa.
"Formou-se um quadro em torno da Santíssima Virgem, um pouco oval, onde havia, no alto, estas palavras: Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós, escritas em letras de ouro. A inscrição, em semicírculo, começava à altura da mão direita, passava por cima da cabeça e acaba na altura da mão esquerda (...)
"Então uma voz se fez ouvir, e me disse: Fazei, fazei cunhar uma medalha com este modelo. Todas as pessoas que a usarem receberão grandes graças, trazendo-a ao pescoço. As graças serão abundantes para as pessoas que as usarem com confiança...".
"Nesse instante, pareceu-me que o quadro se virava e vi o reverso da medalha: um grande M encimado por uma barra e uma cruz; abaixo do M estavam os corações de Jesus e Maria, um coroado de espinhos, o outro traspassado por uma espada.”

"Esses raios são o símbolo das graças que derramo sobre os que as pedem"

Convento na Rue Du Bac
Convento na Rue Du Bac, Paris, local da primeira aparição da Virgem

Não sei explicar o que senti ao ouvir isso, o que vi, a beleza e o fulgor dos raios deslumbrantes.
'Eles [os raios] são o símbolo das graças que derramo sobre os que as pedem. As pedras que não emitem raios são as graças que as almas se esquecem de pedir.'
A esfera dourada desapareceu no brilho dos feixes de luz que irrompiam de todos os lados; as mãos voltaram-se para fora e os braços inclinaram-se sob o peso dos tesouros de graças obtidas.

Conversões e curas milagrosas

Princesa Isabel e seu neto D. Pedro II
A Princesa Isabel, grande devota da Medalha Milagrosa. Nesta foto com seu neto e sucessor, D. Pedro Henrique de Orleans e Bragança

Dois anos depois, as Irmãs de Caridade da ordem de Catarina começaram a dar a medalha aos doentes e pobres de quem cuidavam. Imediatamente entendeu-se que a origem da medalha era santa.
Em breve, alguns pacientes relatavam conversões e curas milagrosas.
A partir de então, a medalha passou a ser conhecida não apenas em Paris, mas em todo o mundo, como a Medalha Milagrosa. Até os dias de hoje, curas e conversões semelhantes continuam a ocorrer.
Algumas conversões chamavam atenção, como a do jovem banqueiro judeu, Alphonse Charles Tobias Ratisbonne, aparentado com a riquíssima família Rotschild. Em viagem a Roma, sem esconder sua antipatia pela Fé Católica, converteu-se subitamente na Igreja de Santo André delle Fratte.

Uma espetacular conversão que comoveu toda a aristocracia européia e teve repercussão mundial

Alphonse Charles Tobias Ratisbonne
Alphonse Charles Tobias Ratisbonne, judeu que se converteu ao Cristianismo por intervenção da Maria Santíssima

Segundo a imprensa da época noticiou com grande surpresa e admiração, Alphonse afirmou corajosamente que a Virgem Santíssima havia lhe aparecido com as mesmas características da medalha milagrosa. "Ela nada disse, mas eu compreendi tudo", afirmou.
Naquele mesmo ano Alphonse Ratisbonne, logo após ter sido agraciado com a visita da Mãe do Verbo, rompeu um promissor noivado e se tornou noviço jesuíta. Mais tarde se ordenou sacerdote e prestou relevantes serviços à Santa Igreja, sob o nome de Padre Afonso Maria Ratisbonne.
Soube-se que quatro dias antes de sua feliz conversão, o jovem israelita aceitara, por bravata, a imposição de seu amigo, o Barão de Bussières: prometera rezar todo dia um "Lembrai-vos" (conhecida oração composta por São Bernardo) e levar ao pescoço uma Medalha Milagrosa. E ele a trazia consigo quando Nossa Senhora lhe apareceu.
Essa espetacular conversão comoveu toda a aristocracia européia e teve repercussão mundial, tornando ainda mais conhecida, procurada e venerada a Medalha Milagrosa.(3)

Em 1876, ano da morte de Catarina, mais de 1 bilhão de medalhas havia se espalhado pelo mundo para o providencial reavivamento da Fé cristã

Nossa Senhora das Graças
Catarina Labouré distribuindo a medalha milagrosa para soldados da Comuna, em 1871

De acordo com as fontes mais antigas, apesar de todo ceticismo e resistência de seu confessor por aquelas experiências místicas, é interessante o fato de que a própria Virgem tenha solicitado a Catarina que se cunhasse uma medalha com Sua imagem e com os dizeres por Ela apresentados na visão.
De fato, Pe. Aladel, seu diretor espiritual, somente sentiu-se encorajado após contar ao Arcebispo de Paris, Mons. de Quélen as visões de Catarina, ocultando-lhe o nome da vidente.
O Arcebispo, diferentemente da atitude cética de Aladel, imediatamente soube reconhecer a intervenção celestial e aprovou a iniciativa, incentivando a confecção da medalha. Finalmente, o Papa Gregório XVI recebeu um lote de medalhas, e passou a distribui-las a pessoas que o visitavam, embora sem saber quem era a freira privilegiada que recebia as visitas da Mãe da Igreja.
Registros oficialmente aceitos mencionam que os primeiros inquéritos sobre a autenticidade da aparição só se realizaram em 1836, mas a circulação da medalha foi aprovada em 1832. Em 1836, dois milhões de medalhas haviam se espalhado pelo mundo para o providencial reavivamento da fé cristã numa época tão conturbada e reacionária.
Em 1876. ano da morte de Catarina, mais de 1 bilhão de medalhas já circulavam pelos cinco continentes, e os registros de milagres chegavam de todos os lados: Estados Unidos, Polônia, China, Etiópia.

O instrumento de Maria Santíssima, uma humilde cozinheira do asilo Enghien

Santa Catarina Labouré
Em obediência à espiritualidade de São Vicente de Paulo, Catarina viveu o Evangelho santamente, legando-nos uma bela devoção à Maria Santíssima

Ao longo de sua vida, toda passada no cuidado de crianças, pessoas idosas e doentes, Catarina provou ser uma amável companheira de suas irmãs e uma excelente guardiã dos necessitados. Viveu com excelência a espiritualidade de seu pai espiritual, S. Vicente de Paulo, agindo sempre como uma verdadeira Filha da Caridade.
Jamais revelou a qualquer pessoa as suas visões, salvo ao seu Confessor e, no final de sua vida, à sua Superiora, sempre por ordem da própria Imaculada.
Após a última aparição Catarina foi imediatamente designada para ser cozinheira no asilo de Enghien, na cidade de Reully.
O pesquisador Swann lembra que, com essa ocupação humilde, o instrumento de Maria Santíssima viveu no asilo os 46 anos seguintes, guardando silêncio voluntário sobre aqueles seus contatos com o Céu. (4)
No último dia do ano de 1876, Catarina entregou sua puríssima alma a Deus. Seu corpo foi sepultado em 3 de janeiro de 1877. Ao ser exumado em 1933, mostrou-se incorrupto, conservado íntegro e flexível.
"O médico que procedeu à exumação, vendo o corpo tão flexível, teve a idéia de levantar as pálpebras de Santa Catarina, e recuou imediatamente, estarrecido pelo pródígio: não apenas as pálpebras se abriram sem dificuldade, mas os olhos azuis que haviam contemplado Maria Santíssima conservavam-se límpidos e belos". (5)
Em 1894, a Igreja instituiu, a 27 de novembro, a festa litúrgica de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa, com Missa e Ofício próprios.
O processo de beatificação de Catarina, introduzido em 1907, foi concluído em 28 de maio de 1933. Da Basílica Vaticana, Pio XII solenemente declarou-a Bem-Aventurada. Catorze anos depois, em 27 de julho de 1947, Pio XII canonizou-a.
Catarina Laboure
Em 1933, o corpo de Catarina, que havia muito tempo sepultado, foi exumado e o exame médico considerou-o em perfeito estado de conservação, com os olhos ainda azuis (sabe-se que depois da morte os olhos sempre escurecem e se decompõem rapidamente). O corpo de Catarina foi trasladado para capela do convento da rue du Bac, onde, durante algum tempo, pôde ser visto através de um vidro protetor. Atualmente, o corpo está sob o altar construído no lugar da primeira aparição da Virgem Santíssima na capela do convento. Em média, recebe mais de mil visitantes por dia, maravilhados e cheios de veneração

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Fontes de consulta:
1 -               SANTOS, Armando Alexandre dos. A verdadeira história da Medalha Milagrosa. Artpress Indústria Gráfica e Editora Ltda. 1998.
2 -               CESCA, Olivo. A Profetiza dos tempos finais. p. 22. Editora Myrian, 1998.
3 -               DIAS, João Clá.  A Medalha Milagrosa. História e celestiais promessas. http://www.joaocladias.org.br/livros.asp
acesso em 12/01/2009.
(Cf. Mémorial des Apparitions de la Vierge dans l’Église, Fr. H. Maréchal, O. P., Éditions du Cerf, Paris, 1957.
L’itinéraire de la Vierge Marie, Pierre Molaine, Éditions Corrêa, Paris, 1953.
Vie authentique de Catherine Labouré, René Laurentin, Desclée De Brouwer, Paris, 1980.
Catherine Labouré, sa vie, ses apparitions, son message racontée a tous, René Laurentin, Desclée De Brouwer, 1981.)
4 -               SWANN. op. cit. pp. 81-82. (Cf. ENGLEBERT, Omer. Catherine Labouré and the modern apparitions of Our Lady. New York, P. J. Kennedy & Sons, 1958; LAURENTIN, René. Catherine Labouré. Paris, Desclée de Brower, 1981).
5 -                SANTOS. op. cit. pp. 38-39.
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